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Fernando Pessoa
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BNP/E3, 14A – 4-6
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[Sobre o poema “Antinous”]
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[Sobre o poema “Antinous”]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 14A – 4-6]

  

The arguments against my poem are of three kinds – the aesthetic, the moral and the intellectual or scientific. The aesthetic argument is that my poem is an (aesthetically) bad poem because (or partially because) it is an immoral poem. The moral argument is that it is a poem[1] which is absolutely dangerous and pernicious because conducive to influencing to unnatural vice. The scientific or intellectual argument is that it is an intellectually bad poem because it is based upon a sentiment which is unhealthy and corrupt.

I purpose to demonstrate that if my poem be a bad one it is for aesthetic, not for moral reasons; to do it, I shall have to take up from a new stand point the old problem of the relation of art to morals.

 

[5r]

  

In the discussion of each of the three arguments I shall take up the attitude which places me at the greatest disadvantage, thus defending myself against the maximum attack.

Thus, though I shall demonstrate that my poem is not immoral and that my poem is not unhealthy, I shall (when discussing it from the aesthetic standpoint or inquiring whether its moral side interests its aesthetic one) concede to the adversary that the poem is immoral and that the poem is unhealthy. I shall subsequently show that it is not immoral and that it is not unhealthy. But I shall not use that advantage here.

Similarly, when refuting the thesis that my poem is pernicious reading, I shall

 

[6r]

  

concede that it is bad, and I shall concede that it is unhealthy, though I shall have disproved the first part and shall subsequently disprove the second.

Lastly, when showing that my poem is healthy, normal and sane, I shall not claim for it that it is good (as will have been made clear in the first section) or moral (as will have been demonstrated in the second).

In each case, I repeat, I shall concede the adversary the maximum weapons. I shall argue against his strongest case, though part of it is made of weapons which I have captured or can capture.

 

[BNP/E3, 14A – 4-6]

 

Os argumentos contra o meu poema são de três tipos - o estético, o moral e o intelectual ou científico. O argumento estético é que o meu poema é um poema (esteticamente) mau porque (ou parcialmente porque) é um poema imoral. O argumento moral é que é um poema que é absolutamente perigoso e pernicioso porque conduz a influenciar para o vício não natural. O argumento científico ou intelectual é que se trata de um poema intelectualmente mau porque se baseia num sentimento doentio e corrupto.

Proponho-me demonstrar que, se o meu poema for mau, é por razões estéticas, não por razões morais; para fazê-lo, terei de retomar, de um novo ponto de vista, o velho problema da relação entre arte e moral.

 

[5r]

 

Na discussão de cada um dos três argumentos, assumirei a atitude que me coloca em maior desvantagem, defendendo-me assim contra o maior ataque.

Desse modo, embora eu deva demonstrar que o meu poema não é imoral e que o meu poema não é doentio, devo (ao discuti-lo do ponto de vista estético ou indagando se seu lado moral interessa para o seu lado estético) conceder ao adversário que o poema é imoral e que o poema não é saudável. Posteriormente, mostrarei que não é imoral e que não é prejudicial à saúde. Mas não deverei usar essa vantagem aqui.

Da mesma forma, ao refutar a tese de que o meu poema é uma leitura perniciosa, devo

 

[6r]

 

admitir que é mau, e devo admitir que não é saudável, embora eu tenha refutado a primeira parte e, subsequentemente, refutado a segunda.

Por fim, ao mostrar que o meu poema é saudável, normal e são, não deverei pretender que ele seja bom (como terá ficado claro na primeira seção) ou moral (como terá sido demonstrado na segunda).

Em cada caso, repito, concederei ao adversário o máximo de armas. Deverei argumentar contra a sua mais forte alegação, embora parte disso seja feito de armas que eu capturei ou posso capturar.

 

 

[1] poem /morally bad poem\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3079

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Proprietário
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Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Poemas Ingleses, Tomo I, Edição de João Dionísio, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1993, pp. 132-133.
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