Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14C – 90
Imagem
Victor Hugo
PDF
Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Victor Hugo
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 14C – 90]

 

Victor Hugo

 

He is always outside himself, but that in the person of another; but that other is no person: he is no more than an artificial Victor Hugo. He speaks eternally the speech of a noble, generous, grave, high-thinking Self who never had any existence save that imagined one. That is the only personage of his spontaneous creation; and it is a false one. — A true lyrical poet would have felt the falseness and self-lying immanent in this; [an epic spirit would have deflected {…}; a dramatic mind would have othered itself in more ways than one (Browning in Men and Women) and better {…}]

Musset would never have written for himself as for a chaste and staid person; Lamartine only when he thought it an epic poet’s duty, stepped out of his tenderness.

 

A lack of the sense of ridicule may be part of this, but this is only the

 

[90v]

 

non-inhibitory part. The central fact is that such writing is sincere enough: Victor Hugo writes perpetually from himself as from an ideal self.

 

He is exterior to himself.

 

What he really is is a lyrical poet with an epic mind.

 

Let us seek what the constitution of his mind is; perhaps it is such that his way of being subjective is a special one and is not subjective.

This is what happens.

His mind is essentially and radically objective.

His subjectivity is objectivity therefore. Where most subjective he is most objective. This is the point.

Since his way of being subjective is being objective; he is a bad lyrist, as lyrist.

Since he is objective, he is epic by nature, but as he is objective means subjective, he is non-epic.

 

 

[BNP/E3, 14C - 90]

 

Victor Hugo

 

Ele está sempre fora de si, mas na pessoa de outro; mas esse outro não é nenhuma pessoa: ele não é mais do que um Victor Hugo artificial. Ele fala eternamente o discurso de um Eu nobre, generoso, sério, de pensamento elevado, que nunca teve existência senão aquela imaginada. Essa é a única personagem da sua criação espontânea; e é uma personagem falsa. - Um verdadeiro poeta lírico teria sentido a falsidade e a mentira imanente a isso; [um espírito épico ter-se-ia inclinado {…}; uma mente dramática ter-se-ia outrado de mais do que uma forma (Browning em Men and Women) e melhor {…}]

Musset nunca teria escrito para si mesmo como para uma pessoa casta e sóbria; Lamartine, apenas quando considerou que era um dever de um poeta épico, saiu da sua ternura.

 

Uma falta de sentido do ridículo pode ser parte disso, mas isso é apenas a 

 

[90v]

 

parte não inibitória. O facto central é que esse tipo de escrita é bastante sincero: Victor Hugo escreve perpetuamente a partir de si mesmo como a partir de um eu ideal. 

 

Ele é exterior a si mesmo. 

O que ele é realmente é um poeta lírico com uma mente épica. 

 

Procuremos qual é a constituição da sua mente; talvez seja tal que o seu modo de ser subjectivo seja especial e não subjectivo.

Isto é o que acontece.

A sua mente é essencialmente e radicalmente objectiva.

Sua subjectividade é, portanto, objectividade. Onde mais subjectivo ele é mais objectivo. Essa é a questão.

Uma vez que a sua maneira de ser subjectivo é ser objectivo; ele é um péssimo lirista, como lirista.

Uma vez que é objectivo, é épico por natureza, mas como ele ser objectivo significa ser subjectivo, ele é não-épico.

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3244

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Pauly Ellen Bothe, Apreciações literárias de Fernando Pessoa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013, pp. 142-143.
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas