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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14D – 24
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Three Pessimists.
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Three Pessimists.
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 14D – 24]

 

Three Pessimists.

 

To make realities of our particular feelings and dispositions, to convert our moods into measures of the universe, to believe that, because we want justice or love justice, Nature must necessarily have the same want or the same love, to suppose that because a thing is bad it can be made better without making it worse, these are romantic attitudes, and they define all minds which are incapable of conceiving reality as something outside themselves, infants crying for sublunary moons.

 

Almost all modern social reform is a romantic concept, an effort to invest reality with our wishes. The degrading concept of the perfectibility of man {…}

 

The very pagan concept of the origin of evil proclaims the pagan tendency to be conscious of objective reality. The pagan conceives this world as governed directly by gods, which are men on a larger scale, but, like men, good and evil, or good and evil in turns, who have caprices like men and moods as men have; and governed ultimately by an abstract compelling Fate, under which both gods and men move in logical orbits, but according to a reason which transcends ours, if do not oppose it. This may be no more than a dream, like all theories, but it does conform to the course and appearance of the world; it does make the existence of evil and injustice an explainable thing. The gods do to us what we do to animals and lesser things.

 

Compare with this the Christian thesis that the evil in the world is the product of a benevolent and omnipotent God, and the higher logic of the pagan theory will at once be seen. The existence of many gods may or may not satisfy the mind; the existence of erring and sinning gods may or may not satisfy the mind; but the existence of many and erring gods does satisfy the mind in respect of the existence of caprice, evil and injustice in the course of this apparent world.  

 

 

[BNP / E3, 14D - 24]

 

Três pessimistas. 

 

Fazer realidades dos nossos sentimentos e disposições particulares, converter as nossas disposições em medidas do universo, acreditar que, porque desejamos justiça ou amamos a justiça, a Natureza deve necessariamente ter o mesmo desejo ou o mesmo amor, supor que porque uma coisa é má, pode ser melhorada sem piorar, estas são as atitudes românticas e definem todas as mentes que são incapazes de conceber a realidade como algo fora de si, crianças que choram por luas sublunares.

 

Quase toda a reforma social moderna é um conceito romântico, um esforço para revestir a realidade com os nossos desejos. O degradante conceito da perfectibilidade do homem {…}

 

O próprio conceito pagão da origem do mal proclama a tendência pagã para ser consciente da realidade objectiva. O pagão concebe este mundo como governado directamente por deuses, que são homens numa escala maior, mas, como os homens, bons e maus, ou bons e o maus alternadamente, que têm caprichos como os homens e disposições como os homens; e governados, em última instância, por um Destino abstracto que nos compele, sob o qual tanto deuses quanto homens se movem em órbitas lógicas, mas de acordo com uma razão que transcende a nossa, ou mesmo que se opõe a ela. Isto pode não ser mais do que um sonho, como todas as teorias, mas está de acordo com o curso e a aparência do mundo; isso torna a existência do mal e da injustiça uma coisa explicável. Os deuses fazem connosco o que fazemos com os animais e coisas menores.

 

Compare-se com isto a tese cristã de que o mal no mundo é o produto de um Deus benevolente e omnipotente, e a lógica superior da teoria pagã ficará imediatamente à vista. A existência de muitos deuses pode ou não satisfazer a mente; a existência de deuses errantes e pecadores pode ou não satisfazer a mente; mas a existência de muitos deuses errantes satisfaz a mente no que diz respeito à existência de caprichos, do mal e da injustiça no curso deste mundo aparente.

 

 

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3273

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
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Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Proprietário
Historial

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Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Barão de Teive, A educação do estóico, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999, pp. 67-68.
Exposições
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