(1875-1932)

Autor e jornalista britânico que alcançou grande popularidade com os seus romances policiais. Filho ilegítimo de um casal de actores, foi adoptado aos nove dias de idade por um carregador no mercado de peixe de Deptford. A sua infância difícil levou a que cedo abandonasse a escola. Teve várias profissões, acabando por se alistar no exército. Dedicou-se depois ao jornalismo, como correspondente da Reuters, e foi enviado para a África do Sul durante a guerra dos Boers. Escreveu 89 romances, numerosos contos e algumas peças de teatro. A sua obra integra-se no subtipo do género policial designado por thriller, com os seus pontos fortes no enredo, na criação do suspense, na fluidez e credibilidade dos diálogos e na caracterização realista dos pequenos criminosos dos bairros problemáticos de Londres onde cresceu. Produziu livro após livro com aparente facilidade. Edgar Wallace revela, no entanto, alguns pontos fracos, que datam a sua obra, como a previsibilidade das situações e a indefinição das personagens, especialmente das femininas, muito convencionais e mal definidas. Fernando Pessoa refere este autor em Erostatus, o seu ensaio sobre a celebridade, como modelo de autor de sucesso, produtor de obras de um género literário popular e de grande divulgação e como um tipo humano bem definido. Wallace é, neste ensaio, a representação de determinadas qualidades, – a concisão, a capacidade de captar a atenção do público – necessárias ao género policial, mas também a outros níveis literários, e que Pessoa considera faltarem a autores como Walter Scott e Bernard Shaw. Wallace está firmemente no seu banquinho, ao contrário de Bernard Shaw, que caiu de todos. Segundo Pessoa, Edgar Wallace is more interesting than Walter Scott, but Edgar Wallace is not more interesting than Shakespeare. There is an Edgar Wallace in Shakespeare (Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, p.194). Mais adiante continua o conceito, dizendo que The great thing about  Shakespeare is that he stands by Homer and by  Edgar Wallace (ib. 196).

 

Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, edição Richard

Zenith, Assírio & Alvim, 2000.

Crime Fiction, ed. Martin Priestman, Cambridge, Cambridge University

Press, 2003.

The Oxford Companion to Crime & Mystery Writing, ed. Rosemary

Herbert, Oxford, Oxford University Press, 1999.

 

 

 

Ana Maria Freitas