Subintitulado Jornal Republicano Académico, é publicado em Coimbra a 9 de Abril de 1927, um mês depois da presença, e só dura até Maio de 1928. Tem como directores Vitorino Nemésio, único que se mantém até ao fim, Paulo Quintela, que sai logo no 2.º número, e Sílvio de Lima e Carlos Cal Brandão, que saem no n.º 6. Em todos os casos saem por causas não ideológicas ou literárias, e sempre saudados no corpo do jornal. A publicação é bastante irregular, e vai acentuando com o tempo a sua atenção à luta política, envolvendo-se em várias polémicas com figuras e grupos do Integralismo Lusitano, sempre num clima de grande exaltação e combatividade. Colaboram Rodrigues Miguéis, João Gaspar Simões e Manuel Anselmo, entre outros.  

Logo no seu primeiro número se publica um violento ataque a Júlio Dantas, e Nemésio assina uma crítica a livros de poemas de Branquinho da Fonseca e José Régio. Nesta vemos que acha no livro de Branquinho «uma concreta superioridade», mas, ao mesmo tempo, que dedica quase todo o espaço a um comentário entusiasmado à novidade e promessa que lê em Régio, incluindo duas intuições: a de que é um poeta com grandeza, e a de que ele é um Sá-Carneiro «desadornado de bizarrias». Há no n.º 4 um artigo sobre o Futurismo, assinado por um enigmático C. de F., em que se faz uma apreciação do movimento que pode ser definido pela linha Orpheu-Contemporânea, e que tem a figura de Sá-Carneiro como primeira, uma «obra tresloucada de génio», comparando-o a Sá de Miranda no tema da dispersão subjectiva, e concluindo o seguinte (e surpreende tanta confusão): «O futurismo como escola passou […], mas dessa exaltação de energias incontidas; dessa exploração de novidade revolucionária, dessa vibração estuante de mocidade sedenta de inéditas expressões estéticas, brotou a beleza helénica dos versos cintilantes de jóias e pedrarias orientais de Eugénio de Castro […]».

 

 

Fernando Cabral Martins