(1889-1959)

Natural do Porto, bacharel em Direito, cursou Psicologia Experimental em Genève. Em 1915, entrou na carreira diplomática, tendo exercido funções em Inglaterra e na China. Depois de se reformar, fixou-se no México, onde viria a falecer. Amigo de Pessoa, a ele dirige o poeta uma carta, em 3-5-1914, num tom de rara confidencialidade, a que não deve ser alheio o facto de Lebre e Lima ter conhecimentos de psicologia e sofrer também do mesmo «abismo de torpor de todo o Eu»: «Estou num destes momentos em que tudo perde o sabor a vida que tem e em que adoece dentro de nós o nosso modo de sentir as coisas; repare que eu digo que adoece, nãs as sensações, mas o modo como elas são sensações», escreve (Correspondência, I, p.112), fazendo também alusão a um livro do amigo, certamente ao Livro do Silêncio (1913). João Lebre e Lima há-de referir e agradecer mais tarde «a lealdade  e o carinho» com que Pessoa o tratou, quando publicou precisamente esse livro. Isto é dito numa longa dedicatória que acompanha a edição em livro de uma sua conferência lida no 2º Salão dos Humoristas e Modernistas – Porto, 1915, intitulada O Claro Riso Medieval  (1916). Lebre e Lima é ainda autor de Poemas do Coração e da Terra e Da Pena de Morte (1920), A História do Patriotismo, entre Mortos (memórias),  Raiz em Flor e Dor Errante. Entre 1912 e 1913, dirigiu, com Aarão de Lacerda, a revista Dionysos - Revista mensal de Philosophia, Sciência e Arte (Coimbra-Porto).

 

 

Manuela Parreira da Silva