(1911-1982)

Jornalista e co-director da revista Momento, autor do livro Poemas de Narciso (1935), é colocado, a par de José Régio, Adolfo Casais Monteiro e Alberto de Serpa, no grupo dos novos poetas de mérito para quem, segundo Pessoa, mereceria a pena chamar a atenção (vd. texto inacabado, datado de 1935, «A Poesia Nova em Portugal», in Páginas de Estética,p. 364). Numa carta, também inacabada, Pessoa agradece a oferta do livro acima indicado, felicitando o autor e confessando-se em «estado velho por causa do Estado Novo» (Correspondência, II, p.359). É de salientar a participação de Marques Matias na polémica em torno de António Botto, nas páginas de Fradique, desencadeada pelo artigo «António Botto – um poeta que não existe»(nº 25, de 26 de Julho de 1934), de Tomás Ribeiro Colaço, director da revista, a propósito do livro Ciúme. A controvérsia é, sobretudo, sustentada por José Régio e a ela adere Artur Augusto, outro dos directores de Momento, defensores de Botto. É Marques Matias que, em 4 de Outubro desse ano, põe, por assim dizer, o dedo na ferida, denunciando a verdadeira razão de ser de tão «imortal rancor ao poeta»: o seu homossexualismo. Valoriza igualmente, no seu artigo «Mais “Botto”...», a obra do poeta, pelo seu «ritmo independente de tratados» e pela humanidade e emoção que transparecem nos seus versos. Esta defesa de Botto terá calado fundo em Pessoa e terá servido também para aproximá-lo da revista Momento que, numa carta precisamente a Tomás Colaço, de 10 de Outubro de 1935, classifica de «revista de rapazes, revista simpática». Em Momento, publica Pessoa os poemas «Fresta» e «Intervalo», em Março de 1934 e Abril de 1935, respectivamente. O nº 9, de Dezembro de 1935, é inteiramente dedicado à memória do poeta recém-falecido, com poemas do ortónimo e dos três heterónimos, constituindo uma das homenagens mais relevantes produzidas, por ocasião da sua morte, pela imprensa portuguesa.

 

 

 

Manuela Parreira da Silva