A revista Princípio foi o derradeiro periódico editado pela Renascença Portuguesa e ostentou como subtítulo “publicação de cultura e política”. O primeiro número surgiu a 15 de Maio de 1930 e o último, o quarto, a 25 de Julho do mesmo ano; a revista foi dirigida durante a sua curta existência por Adolfo Casais Monteiro, Álvaro Ribeiro e Manuel Maia Pinto e teve como colaboradores, entre poucos outros, além dos directores, Agostinho da Silva, Delfim Santos, João Gaspar Simões, José Marinho e José Régio.

O seu manifesto de apresentação, marcado pela defesa dos princípios democráticos, pelo universalismo e pela recusa do nacionalismo, é um rico alfobre para se perceber o imaginário inicial da geração saída da primeira Faculdade de Letras do Porto. O manifesto mostra ainda a forte afinidade que esta geração portuense teve com a geração coimbrã da Presença, pois nele se saúda esta revista como o grupo que se propõe em literatura realizar aquilo que nos propomos realizar em cultura e política. De resto, quer as colaborações, quer os colaboradores, mostram por si a forte afinidade, se não os cruzamentos, entre os dois grupos.

Do grupo que fundou e dirigiu a revista Princípio saiu, quando a Renascença sucumbiu finalmente na asfixia do salazarismo, o movimento da Renovação Democrática e logo depois o movimento da Filosofia Portuguesa. Enquanto o primeiro se manteve fiel ao aspecto mais visível da actuação da Renascença, o segundo desvalorizou quase em absoluto as fontes cívicas de reforma social e pedagógica, que haviam sido constitutivas da Renascença, a favor das fontes esotéricas e acroamáticas, tidas por essenciais.

 

BIBL.: Paulo Samuel, A Renascença Portuguesa. Um Perfil Documental, Porto, Fundação Engenheiro António de Almeida, 1990, pp. 388-9; Alfredo Ribeiro dos Santos, A Renascença Portuguesa. Um Movimento Cultural Portuense, Porto, Fundação Eng. António de Almeida, 1990, pp. 223-6.

 

 

António Cândido Franco