(1899-1965)

Advogado, autor de vasta obra como romancista (Folha de Parra, Trevo de Quatro Folhas, Paternidade, Calçada da Glória), poeta (Primeiros versos, Água da Fonte, Monsanto, Flor-do-Chá), dramaturgo (Duas Chamas, Uma Mulher... e o Mesmo Homem, D. Sebastião, “poema dramático” levado à cena no Teatro Nacional, em 1933), ensaísta (D. Quixote – Rei de Portugal, em que defende a tese controversa de que Cervantes se teria inspirado na figura de D. Sebastião), foi também crítico em jornais e na rádio, mantendo durante anos um programa de grande audiência na Emissora Nacional (recolhidos nos volumes Ao Microfone: Tal Qual se Fala e Às Duas em Ponto). Monárquico e nacionalista, fundou, em 1934, o semanário literário Fradique, em cujo n.º 2 Pessoa colabora com o artigo «O Homem de Porlock». É nesta revista que Tomás Colaço escreve (n.º 70, de 6-6-1935) um artigo sobre o livro Mensagem, censurando a Pessoa os «excessos de poesia intelectual» e a ausência de emoção e sensibilidade. Já no número de 14 de Fevereiro do mesmo ano, em carta aberta a Fernando Pessoa, acusara o poeta de ter um pensamento anti-nacional, a propósito do artigo que este  fizera publicar no Diário de Lisboa, dez dias antes, contra a proibição das Associações Secretas e em defesa da Maçonaria. A estas duas intervenções de Ribeiro Colaço, no Fradique, alude Pessoa numa carta que lhe dirige, em 10-10-1935, agradecendo a crítica feita a Mensagem (em que, diz, faz eco do que muita gente pensa a seu respeito) e estranhando a reacção do seu interlocutor face ao artigo do Diário de Lisboa. A este respeito, não deixa de dizer que não lho levara a mal, pois se o tivesse levado, «teria ficado em pleno estado de vingança com o admirável artigo “Não!” de Rolão Preto» (numa clara concordância com a opinião que o «camisa azul», e «fascista antifacista», no dizer de João Medina, expressara também em Fradique, contra a política proibicionista de Salazar).

 

 

Manuela Parreira da Silva