[BNP/E3, 14A – 72]
A novela dramática, que António Botto escreveu, perdendo-se a sua alma pelo próprio nome do título, é, ao mesmo tempo que uma expressão de pessoalidade, portanto, uma demonstração dum tema geral.
António é uma obra de verdade.
As coisas que são de sensualidade, é uso ou hábito considerá-las como sendo por isso mesmo, da alegria. Assim é no animal, e no homem que se lhe assemelha. Não assim no homem que vive duplo de si mesmo, forasteiro em sua própria alma. Nesse tudo se complica, ou porque a consciência o divida, ou porque a análise o liquida[1], ou porque a própria criação o ironize. É neste último {…}
Somos todos, quer queiramos quer não, habitantes de nós mesmos {…}
[1] liquida /dissolva\