[BNP/E3, 14B – 26]
O que admiro em Alberto Caeiro é o forte pensamento – sim, um raciocínio – que une e liga os seus poemas. Ele nunca se contradiz, na verdade, e, quando pode parecer que se contradiz, lá está, num ou outro canto dos seus versos, a objecção prevista e respondida. Profunda consciência da própria obra, o pensamento sobrepondo-se à inspiração? Ou profundo génio, de um grego sentindo e vendo tudo? Em qualquer das hipóteses, a figura literária é enorme, estupenda, grande demais, até, para a pequenez policroma da nossa época.