[BNP/E3, 14B – 40]
O que me leva a crer que o sr. Alberto Caeiro não é absolutamente um poeta consciente, como seria se fosse, por exemplo, um mistificador ou um puro filósofo é que contende a sua teoria nalguns pontos possíveis e absolutamente visíveis.
(IV. {…})
Ora, salta aos olhos do pensamento que nenhum ramo de árvore, a supor-se (o que já é puro “entendimento” à Caeiro) que pode “julgar” qualquer coisa, não julga que o sol é Deus ou que a trovoada é uma quantidade de gente zangada. Isso julga um homem, um homem primitivo, e é duvidoso que mesmo desse se pudesse dizer que, naturalmente, achasse que o sol é Deus.
Presto homenagem ao esforço do sr. Alberto Caeiro ao querer-se despir de tudo quanto é artificial e puramente humano. Constato, porém, que nem sempre o faz, e isto em parte onde me parece impossível que não repare que o não está fazendo. A poesia quatro (a nº 4 do livro) é um exemplo flagrante.