Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-1 – 100
Imagem
[Sobre a cultura britânica]
PDF
Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[Sobre a cultura britânica]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 141 – 100]

 

It will perhaps have occurred to one or two of the occasional statesmen who are the politicians of the present time, that no state, nor no empire, lasts for ever.

 

The present duty of British statesmen is to manage things so that the decay of the British Empire shall be as slow and as soft as possible. It lies not in their power to avoid its happening, for natural laws are not subject to Acts of Parliament, nor to the shifts and tricks of party politics.

It would be a wise, and, we believe, a far-seeing attitude if they were to study with careful, though necessarily with passionate, attention, the conditions – already culturally clear, but soon to be even politically evident – of the liquidation of what the Elizabethans built as a culture, the Puritans as a force, and the later politicians and soldiers as an empire, but the latter-day sinners have converted into a joint-stock company organized on an unsound industrial basis.

No empire lasts for ever. The British Empire is not outside Nature.

One thing might save or stay the decadence that has now set in: a cultural renewal, reorganizing from the very depths of the nation the whole psychic structure of it. But a cultural movement depends on a subtle element which no known effort can evoke, no application of knowledge elicit, to the natural stature of which no thinking can add a cubit. That renewal of force depends on the appearance of genius, and genius appears only in obedience to laws of which even the approximate nature is not known to us. The late A. W. Benn entitles the last chapter of his “Modern England” The Eclipse of Genius. He wrote, whatever else he may have written, no more decisive words. The eclipse of genius is what defines, to a great extent the whole modern world, wholly the social elephantiasis which is at present the British Empire. A bible-reading nation (though the present impurity of style of all English, or “British”, writers certainly shows no constant acquaintance with the Revised Version) might have learnt that a nation, like a man, may gain the whole world and lose its soul, and that it would profit them nothing to gain that loss.

 

 

[BNP / E3, 141 - 100]

 

Talvez tenha ocorrido a um ou dois dos estadistas ocasionais que são os políticos da actualidade que nenhum estado, nem império, dura para sempre. 

 

O actual dever dos estadistas britânicos é administrar as coisas de modo que a decadência do Império Britânico seja tão lenta e suave quanto possível. Não está em seu poder evitar que aconteça, pois as leis naturais não estão sujeitas a Actos do Parlamento, nem às mudanças e truques da política partidária.

Seria uma atitude sábia e, acreditamos, previdente, se estudassem com atenção, embora necessariamente com paixão, as condições - já culturalmente claras, mas em breve até politicamente evidentes - da liquidação daquilo que os isabelinos construíram como cultura, os Puritanos como força e os últimos políticos e soldados como império, mas os pecadores dos últimos dias converteram-se em uma sociedade por cotas organizada em uma base industrial doentia.

Nenhum império dura para sempre. O Império Britânico não está fora da Natureza.

Uma coisa pode salvar ou deter a decadência que agora se instalou: uma renovação cultural, reorganizando desde as profundezas da nação toda a sua estrutura psíquica. Mas um movimento cultural depende de um elemento subtil que nenhum esforço conhecido pode evocar, nenhuma aplicação de conhecimento deduzir, à estatura natural da qual nenhum pensamento pode adicionar um côvado. Essa renovação da força depende da aparência do génio, e o génio só aparece em obediência a leis das quais até mesmo a natureza aproximada não nos é conhecida. O falecido A. W. Benn intitula The Eclipse of Genius o último capítulo de seu "Modern England". O que quer que ele tenha escrito, ele não escreveu palavras mais decisivas. O eclipse do génio é o que define, em grande medida, todo o mundo moderno, toda a elefantíase social que é actualmente o Império Britânico. Uma nação que lê a Bíblia (embora a actual impureza de estilo de todos os escritores ingleses, ou "britânicos", certamente não mostre nenhum conhecimento constante da Versão Revista) pode ter aprendido que uma nação, como um homem, pode ganhar o mundo inteiro e perder sua alma, e que nada lhes seria proveitoso ganhar essa perda.

 

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4259

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas