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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-3 – 97-98
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Inquérito
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Inquérito
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 143 – 97-98]

 

Inquérito:

 

I.

 

Não sou, meu caro amigo, nem daqueles que despejadamente elogiam, nem dos outros que entornadamente censuram a ideia e a condução do seu inquérito. Não sou sol nem noite na minha apreciação da sua ideia; o meu pensar sobre ela é crepuscular. Para sair de frases e de algum modo começar a pôr-me a caminho, preliminar e alguma coisa sobre este ponto, para que, em pleno baptismo de lógica, entre, através do vestíbulo, para as salas e os cubículos da crítica propriamente dita.

Deixando as metáforas e gizando-me a via inicial, começo por lhe distinguir na lembrança do inquérito: a lembrança em si, a sua forma de realizar essa lembrança, e aquela orientação que, independentemente de qualquer intenção sua, ainda que dependentemente de certo modo, de si o inquérito tomou.

 

[97v]

 

Poucas ideias tão felizes terá recentemente havido do que a sua, de um inquérito literário. A estagnação – o que não quer dizer a inferioridade – da nossa literatura actual, a falta de conflito entre a corrente de morte e passado e a do futuro e vida, a entre a corrente estrangeirada e a nacional, entre a directamente e imediatamente nacional deixar para que nos orientássemos dar-lhe.

Na sua condução do inquérito, permitam-me que comece por fechar à chave a nossa amizade e me traduza para crítico. A sua condução é (a amizade afinal fala no epíteto) infeliz. Sei que de todo lhe não cabe a responsabilidade disso, mas sei que lhe cabe parte dessa responsabilidade. Bem sei que um jornalista na R. não pode consultar o sr. Teófilo Braga; o que tirou ao inquérito um depoimento indispensável, a mim a oportunidade, que, ainda assim, tarde ou cedo chegará de mostrar ao chefe honorário da intelectualidade portuguesa que a consideração que tenho por tudo quanto não seja as suas faculdades de operário da sabedoria e o seu patriotismo que, ainda que tome uma feição frequente-

 

 

[98r]

 

mente anticientífica e idiota, é sem dúvida perto de qualquer coisa como sincero.

Outro travers na condução do inquérito deriva de peripécias da sua escolha e onde {…}

Em {…} lugar falarei do seu questionário. Agradeço-lhe o malicioso favor que faz à República Portuguesa com ele. Aquela sua 4ª pergunta, sobre a Renascença que haverá em Portugal {…]

 

Em terceiro lugar o como os seus “intelectuais” se houveram no responder é para Te Deum do crítico.

 

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4473

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
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