Imprimir

Medium

Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP/E3, 14-6 – 39
Imagem
[Sobre a prosa rítmica]
PDF
Autor
David Merrick / Charles Robert Anon

Identificação

Titulo
[Sobre a prosa rítmica]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

 [BNP/E3, 146 – 39][1]

 

The scandent measures of his rhythmical prose, often cumulating in a veritable garland of admirable tropes, could strive in perusing hearts the deepest chords of the most various sentiments. Never vulgar, never descending to satire, which is sometimes worse than coarseness, he yet possessed a delightful gift of sarcasm — a sarcasm which was not bitter, which was not deep or cruel; yet a sarcasm which was essentially telling and undeniably true. His humour, never to be compared to puns and quibbles of the literary multum, had in it something so courteous, and withal so sad and pitiable, that we often wonder whether we must laugh or cry — whether that humour was merry and spontaneous, or whether it was nothing[2] but a brave attempt to dissemble in laughter the most oppressing mental agonies. If so, it is all the more pitiable, because the mind which seeks relief in mirth for its intense tortures, is like he who in sleeping to get away from the thoughts of an unhappy life suffers from a terrible nightmare. But it is so difficult to discriminate! He was not a hypocritical man, but a profound one; his feelings and thoughts were not masked, but hidden; and how his powerful mind worked, how his weak spirit fought, we cannot imagine, who are not endowed with the same mental capacities and inconsiderable character.

        Yet great praise does he deserve; scant praise does he get. The cloyed minds of modern novel-readers, accustomed at length to the scurried productions of a void generation, cannot appreciate fully the psychological matter that is readable in his glittering paragraphs. The modern man has done away with all spiritual connections; he has broken away from the soul and left us nothing but a mere fleshy bulk; he has torn divinity from his heart, and, by doing this, shown us how weak and foolish a man can seem when he has to lean on nothing, as if he had to lean on the unsubstantial air.

 

David Merrick

 

[39v]

 

Tout á vous

C R. Anon

tout est perdu

C. R. Anon.

  

 

[BNP/E3, 146 - 39]

 

As medidas escandentes da sua prosa rítmica, muitas vezes acumulando-se em uma verdadeira guirlanda de tropos admiráveis, podem projectar-se em perscrutar nos corações os acordes mais profundos dos mais variados sentimentos. Nunca vulgar, nunca descendo à sátira, que às vezes é pior do que grosseria, ele ainda possuía um dom delicioso de sarcasmo - um sarcasmo que não era amargo, que não era profundo ou cruel; porém, um sarcasmo que era essencialmente revelador e inegavelmente verdadeiro. Seu humor, que jamais pode ser comparado aos trocadilhos e jogos de palavras da multidão literária, tinha em si algo tão cortês e, ao mesmo tempo, tão triste e lamentável, que muitas vezes nos questionávamos se devíamos rir ou chorar - se esse humor era alegre e espontâneo ou se não era senão uma tentativa de ocultar no riso as mais opressivas agonias mentais. Se assim for, é ainda mais lamentável, porque a mente que busca mais alívio na alegria para as suas intensas torturas, é como aquele que dormindo para escapar aos pensamentos de uma vida infeliz tem um terrível pesadelo. Mas é tão difícil discriminar! Ele não era um homem hipócrita, mas profundo; os seus sentimentos e pensamentos não estavam mascarados, mas ocultos; e como a sua poderosa mente trabalhava, como o seu fraco espírito lutava, não podem imaginar, os que não são dotados das mesmas capacidades mentais e de carácter insignificante.

No entanto, grande louvor ele merece; poucos elogios ele recebe. As mentes embotadas dos leitores de romances modernos, muito acostumadas com as produções apressadas de uma geração vazia, não podem reproduzir plenamente a matéria psicológica que é legível nos seus parágrafos luminosos. O homem moderno acabou com todas as ligações espirituais; ele separou-se da alma e não nos deixou nada além de uma mera massa de carne; ele arrancou a divindade do seu coração, e, ao fazer isso, mostrou-nos o quão fraco e tolo um homem pode parecer quando não tem nada em que se sustentar, como se tivesse que se sustentar num ar sem substância. 

 

David Merrick

 

[39v]

 

Todo seu

C R. Anon

Tudo está perdido

C. R. Anon.

 

[1] Picturesque words.

Sa

 

sabaoth = armies, hosts.

sabbatarian = person strictly to the Sabbath (noun and adjective);

sabbatical = ditto

sable = black

sacerdotal = priestly

sacramental = {…}

sacred = {…}

sacrifice = {…}

sacrificial = {…}

sacrilege = {…}

sacrilegious = {…}

sacrosanct = {…}

sad = {…}

sadden = {…}

sadducean = {…}

safe = {…}

safeguard = {…}

safety = {…}

saffron = {…}

saga = {…}

sagacious = {…}

sagacity = {…}

______________________________________________________

[2] nothing /anything\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/5215

Classificação

Categoria
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

Palavras chave

Locais
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Fernando Pessoa, Cadernos – Tomo I, Edição de Jerónimo Pizarro, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2009, pp.157-159.
Exposições
Itens relacionados
Bloco de notas