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Fundo
Mário de Sá-Carneiro
Cota
Esp.115/5_35
Imagem
Carta a Fernando Pessoa
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Autor
Sá-Carneiro, Mário de

Identificação

Titulo
Carta a Fernando Pessoa
Titulos atríbuidos
Carta a Fernando Pessoa
Edição / Descrição geral

Carta enviada de Barcelona, no dia 4 de Setembro de 1914. 

 

 **

Barcelona - Setembro de 1914

Dia 4

 

«Noticies»
«Hem tingut el goig d’estrenjer la má del nostre amic, el notable i exquisit literat português En Marius de Sá-Carneiro, que, vingut de Paris, on resideix habitualment, s’instalerá a Barcelona – ciutat que moltissim li plau – mentres duri la guerra. Benvingut sigui entre nosaltres»
«EL POBLE CATALÁ – Dijous 3 de setembre 1914»

 

É claro, meu querido Amigo, que lhe escrevo agora por dá cá aquela palha – pois o preço da estampilha é a miséria dum vintém!... O R. i R. emprestou-me o último n.o da Águia. Então agora o Vila-Moura também se quer ungir de Europa – de Paris! Mas logo põe uma dama tripeira no cabaret do Quat’s Arts (que nunca existiu, creio: Quat’s Arts é o baile dos pintores, escultores, arquitectos que se realiza todos os anos). Que trecho tão lepidóptero. Há-de ser uma beleza a novela!... E a página do G. Leal da senhora dos olhos mestos mas honestos. Aquilo só com um pau!... Que diz você?...

– O R. i R. tem em preparação um volume chamado Poesia e Prosa (2.a ed.) que é uma selecta de prosadores e poetas portugueses – aonde traduzirá versos meus. Pediu-me para lhe indicar outros poetas a traduzir. É preciso que o paulismo se manifeste, não lhe parece? Assim já pedi versos ao Guisado. E você? Você devia figurar também. Por lepidóptero que seja o R. i R. sempre traduz menos mal, parece-me, pelo que adivinhei, por exemplo, da «Elegia» do Pascoais nas Atlântidas, que – é claro – ele já me deu. Diga-me pois o que pensa sobre o assunto.

– O mesmo eterno R. i R. na sua lepidopteria pediu-me para eu escrever um artigo sobre O Génio Peninsular livro recém-aparecido em edição da Renascença. Não tenho remédio, é claro, senão escrevê-lo. Mas tem piada. Porque será publicado em Catalão no El Poble!... Seja como for sempre um pouco cosmopolita... Ah! e é claro que unjo o artigo de paulismo, olá se o unjo!...

Pelo mesmo correio mando-lhe um jornal de Bilbau, com artigos em basco. Repare-me para esse idioma, e diga-me se não dá bem a impressão duma língua Outra. É perturbador e misterioso – língua antiquíssma, de origens ignoradas, ignoradas, d’além-civilização. Eu acho impressionante! Escreva-me o mais depressa possível e largamente como fez nos primeiros meses! Suplico-lhe! Suplico-lhe. Conte-me coisas. E averigue-me sobretudo pelo Pacheco, o que há sobre o C. Franco.

Mil abraços do seu, muito seu

Mário de Sá-Carneiro

Escreva!

As cartas seguem borradas pois só amanhã tenho a minha caneta que foi a mudar de aparo! Diga se recebeu o jornal Outro. Escreva-me! Escreva-me! Averigue do Franco. Fale-me dessa gente, mesmo lepidóptera daí. Pergunte ao V. Braga se recebeu uma carta que lhe enviei para a Estação do Rossio. Mais saudades do

M. de Sá-Carneiro

 

 

 
Notas de edição

Classificação

Categoria
Espólio Documental
Subcategoria
Correspondência

Dados Físicos

Descrição Material
Tinta preta sobre folhas pautadas e sobrescrito timbrados.
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
1914 Set 4
Notas à data
Inscrita.
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Fernando Pessoa
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Bom
Entidade detentora
Biblioteca Nacional de Portugal
Historial

Palavras chave

Locais
Barcelona
Palavras chave
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Sá-Carneiro, Mário de, Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, ed. Manuela Parreira da Silva, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001.
Exposições
Itens relacionados
Esp.115
Bloco de notas
Na transcrição das cartas: a ortografia foi actualizada e as gralhas evidentes corrigidas, mantendo, contudo, as elisões com apóstrofo e todas as singularidades da pontuação usada por Mário de Sá-Carneiro, bem como a forma original das datas, muitas vezes com o nome dos meses em letra minúscula ou abreviado. O título da revista Orpheu foi mantido na forma sempre usada por Sá-Carneiro – Orfeu. Foram mantidas, igualmente, as versões de versos e de outros trechos literários mais tarde corrigidos ou refundidos pelo poeta.