Filólogo autodidacta, foi professor de Filologia Comparada no Curso Superior de Letras, precursor dos estudos linguísticos e defensor da importância do método científico na investigação. Autor de inúmeros trabalhos que relacionam diferentes áreas do saber, interessou-se sobretudo pelo ensino. Foi, de resto, a sua conferência intitulada «A questão do ensino», na qual acusava a Igreja e o Estado de serem os causadores da degradação do ensino em Portugal, que provocou a ira das autoridades e a proibição das Conferências Democráticas do Casino, em 1871. Da sua vasta bibliografia, salientam-se obras como A Língua Portuguesa, Fonologia, Etimologia, Morfologia e Sintaxe (1868), Questões da Língua Portuguesa (1874), Os Jogos e as Rimas Infantis (1883), Dicionário Manual Etimológico da Língua Portuguesa (1890), Os Ciganos em Portugal, com um Estudo sobre o Calão (1892), O Ensino Histórico, Filológico e Filosófico em Portugal até 1858 (1900), Cultura e Analfabetismo (1916). A participação de Adolfo Coelho no «Inquérito Literário», organizado por Boavida Portugal, em 21 de Dezembro de 1912, merece da parte de Pessoa uma carta-réplica, incluída pelo organizador no volume que reune todas as participações (1915). Pessoa faz valer o seu direito de resposta, já que Adolfo Coelho se referia explicitamente à «visão messiânica» e à megalomania da actual geração (por oposição à sua, de 1860-1870), trancrevendo palavras do artigo de Pessoa no nº 5 de A Águia, embora sem lhe citar o nome. A réplica assume os contornos de um ensaio, no qual explana as suas ideias sobre a nacionalidade e originalidade da novíssima poesia portuguesa, e mostra como Adolfo Coellho erra, não só por achar inferiores os novíssimos poetas, mas também «quando considera messianismo a ideia de um super-Camões, isto é, de um poeta máximo, inevitavelmente maior do que aquele poeta verdadeiramente grande, mas longe de ser um Dante ou um Shakespeare» (op. cit., p.52).