Advogado, amigo de Pessoa, sofria de doença do foro psiquiátrico, encontrando-se por diversas vezes internado, quer no Telhal, quer no Hospital Psiquiátrico Conde de Ferreira (Porto). Daqui envia pelo menos duas curiosas cartas, em Setembro de 1916 (ESP.1152-2 a 8), onde se lamenta da sua «prisão». Em 1927, funda o jornal O Imparcial, dirigido por Carlos Selvagem. Autor de obras de intervenção socio-política - Sobre um decreto (1917), Um lance (1919) e O Desfalque do Tesouro (1925), Palavras aos Herejes (1934) - colabora na campanha anti-maçónica, protagonizada pelo jornal católico A Voz. Começa por enviar uma carta ao jornal, manifestando o seu apoio e aplauso ao director Fernando de Sousa, «Nemo», que no seu artigo «Manejos subterrâneos» (2 de Abril), sugere que se sigam em Portugal as lições de Mussolini que, «desde que assumiu o poder, não tardou em proceder energicamente contra as sociedades secretas e, especialmente, contra a Maçonaria». E escreve depois, entre Abril e Maio de 1929, uma série de onze violentíssimos artigos, nos quais apela à intervenção das autoridades para que reprimam a Maçonaria. Refira-se, a propósito desta posição ideológica do jornal, que Da Cunha Dias tanto elogia, que F. Pessoa sempre se posicionou do lado contrário e, antes ainda da sua polémica com o deputado José Cabral, em 1935, aquando da promulgação do decreto-lei que proibia as associações secretas em Portugal, envia uma carta (28-1-1934) ao director de A Voz, insurgindo-se contra o tom de regozijo com que o jornal noticia a dissolução de três das Obediências maçónicas na Alemanha.