Poeta e director da revista Exílio (número único, Lisboa, 1916), colaborou em várias publicações: Azulejos (1907), A Águia, Alma Nova (1914), A Revista (1921), Contemporânea (1923), ABC (1926). Mais discreto que o irmão mais novo (Guilherme, o Santa-Rita Pintor), os seus primeiros livros – Praias de Mistério: poemas (1916) e A Rosa de Papel: mistério num cântico, poema dramático em prosa e verso (1917) – revelam a influência das correntes decadentista e simbolista.

A ligação de Augusto de Santa-Rita com o grupo modernista manifesta-se fundamentalmente através de Exílio, que pretendeu ser «o arauto de um projecto nacionalista», representando uma parte do «diálogo frustrado entre o Modernismo e o Integralismo» (Teresa Almeida, «Nacionalismo e Modernismo – O Projecto Exílio», in Exílio, edição facsimilada, Lisboa: Contexto, 1982). Esta revista, «mais ou menos paúlica», nas palavras de Mário de Sá-Carneiro (em carta a Fernando Pessoa de 13 de Janeiro de 1916), caracterizada pelo ecletismo das várias colaborações, tem o seu traço unificador na preocupação nacionalista. Num texto metafórico e de linguagem esotérica, o director da revista apresenta-a como a «linda praia em desterro para onde voluntariamente se expatriarão todos os que, independentemente de cor política, confiam ainda no ressurgimento de Portugal pelos novos.» O livro Praias de Mistério (que integra os sonetos publicados na revista – «Sinal da Raça», «Tua Presença» e «Céu»), «a meio caminho entre o decadentismo dionisíaco e o nacionalismo apolíneo» (Teresa Almeida, ibidem), prolonga, de certa forma, o projecto ideológico e estético desejado por Exílio.

Contudo, a maior parte da obra de Augusto de Santa-Rita insere-se no domínio da literatura infantil, logo a partir de 1920, com O Mundo dos meus Bonitos, um livro de memórias de infância. Escreveu histórias maravilhosas (A Bolinha Mágica, A Princesa Estrelinha)e edificantes (A Vida de Jesus, Auto da Vida Eterna) , e organizou o «Teatro do Mestre Gil» (teatro de fantoches).

 

Madalena Dine