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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
BNP-E3, 19 - 80
Imagem
Impermanence
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
Impermanence
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[19 – 80]

 

Impermanence

 

Some works die because they are of no worth; these, as they die at once, are stillborn. Others have the short day which their expression of a passing mood or fashion of society gives them; these die in infancy. Others, of a larger scope, coexist with a whole era of the country, in whose language they were written, and when that era ceases, they, too, cease; these die at the puberty of fame and have[1] no more than adolescence in the perennial life of glory. Others still, as they express fundamental things of their country’s mind, or[2] of the civilization, to which it belongs, last as long as that civilization lasts; these reach the manhood of universal glory. But others, as expressing though with the feelings of one civilization, the language of one country, the thoughts of one era and the style of a passing mood, the eternal substance of the soul of man, outlast the mood, where they

 

[80v]

 

drew their style, the age, where they learnt their ideas, the country, in whose speech they are written, the civilization, with whose feelings they speak[3]. These reach that maturity of life which is but as mortal as the Gods, that began but do not end, as Time is[4]; and are subject only to the final mystery which Fate forever veils even from the night that is all around, all between, and chaos that is before and after[5].

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Tricks of style and ingenious turns of mind carry a work as far as infancy. Originality of thought takes it along an age. Depth and splendor of universal feeling make a work go as far as that universal feeling is really universal. Sureness of structure, truth of typical presentation, {…} of imagination make a work truly immortal, as far as human things can go, for as near as that may be.

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A Kipling is for a passing mood. A Tennyson is for an age. A Spenser is for a civilization. A Milton is for all of time. A Kipling will last for no more than a {…} mood, no more at most than a sub-epoch of the nation.

 

 

[19 – 80]

 

Impermanência

 

Algumas obras morrem porque são sem valor; estas, como morrem de imediato, são nados-mortos. Outras têm o dia breve que a sua expressão de uma disposição passageira ou moda de sociedade lhe dá; estas morrem na infância. Outras, de um alcance mais vasto, coexistem com toda uma era do país, em cuja língua foram escritas, e quando essa era cessa, elas também cessam; estas morrem na puberdade da fama e não atingem mais do que a adolescência na sua vida perene de glória. Outras ainda, na medida em que expressam coisas fundamentais da mente do seu país, ou da civilização a que ele pertence, duram enquanto essa civilização durar; estas atingem a idade adulta da glória universal. Mas outras, expressando embora com os sentimentos de uma civilização, a linguagem de um país, os pensamentos de uma era e o estilo de uma disposição passageira, a substância eterna da alma do homem excedem a duração da disposição onde

 

[80v]

 

traçaram o seu estilo, a época onde aprenderam as suas ideias, o país em cujo discurso estão escritas, a civilização com cujos sentimentos falam. Estas atingem a maioridade da vida que é tão mortal quanto os Deuses, que têm começo mas não têm fim, tal como o Tempo; e estão sujeitas apenas ao mistério final que o Destino vela para sempre mesmo a partir da noite que nos circunda completamente, que está no meio de tudo, e do caos que existe antes e depois.

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Estratagemas estilísticos e engenhosidades mentais levam uma obra somente até à infância. A originalidade de pensamento levam-na a durar uma época. Profundidade e esplendor de sentimento universal fazem uma obra ir tão longe quanto esse sentimento universal é realmente universal. Segurança de estrutura, verdade de uma apresentação típica, {…} de imaginação tornam uma obra verdadeiramente imortal, tão longe quanto as coisas humanas podem chegar, tão próximo quanto isso seja possível.

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Um Kipling é para uma disposição passageira. Um Tennyson é para uma época. Um Spenser é para uma civilização. Um Milton é para todo o tempo. Um Kipling não durará mais do que uma {…} disposição, nem mais do que, na melhor das hipóteses, uma sub-época da nação.

 

 

[1] have /get\

[2] or /(and and)\

[3] speak /express\

[4] is /does\

[5] before and after /the beginning and the end\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2756

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
Notas à data
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Dedicatário
Destinatário
Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Entidade detentora
Historial

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Locais
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Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Publicação parcial: Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, p. 281.
Publicação integral: Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, edição de Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp. 232-233.
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