No âmbito da Conferência Futurista realizada no Teatro República, em Lisboa, a 14 de Abril de 1917, é lido o Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX  por um Almada Negreiros vestido ultrajantemente de aviador, e são lidos os manifestos Tuons le clair de lune! (1909) e Le Music-Hall (1913) de Marinetti, e o Manifeste  Futuriste de la Luxure de Valentine de Saint-Point (1913). A Capital titula a sua reportagem do acontecimento, publicada no dia seguinte, como «O Elogio da Loucura», e há mais ecos na imprensa, todos correspondendo à provocação com gáudio e assumindo tratar-se de uma extravagância sem sentido. Almada faz publicar em A Capital uma carta em que agradece a «camaradagem futurista» da imprensa, e aproveita para anunciar novo espectáculo futurista - que se não viria a realizar.

Le Music-Hall e o Manifeste  Futuriste de la Luxure são publicados integralmente (a par do Manifeste des Peintres Futuristes citado por Amadeo) em Novembro de 1917, no Portugal Futurista. A revista apresentará ainda, enquadradas num artigo de Bettencourt Rebello, transcrições parciais dos textos Manifeste technique de la Littérature futuriste (1912), Imagination sans fils – Mots en liberté (1913), e La splendeur géométrique et mécanique et la sensibilité numérique (1914), de M., e dos manifestos La peinture des sons, bruits et odeurs (Carrà, 1913), e Manifeste technique de la Sculpture futuriste (Boccioni, 1912) - além dos dois Ultimatuns, o de Almada e o de Campos.

 

Fernando Cabral Martins