Discípulo de Adolf Haussmann em Faro e de Luciano Freire e Condeixa na Escola de Belas-Artes de Lisboa, que frequenta a partir de 1914, este pintor e poeta algarvio participa activamente na breve aventura futurista portuguesa. A sua pintura foge porém à estética futurista propriamente dita assumindo, pelo seu forte colorido e figuras suavemente deformadas, contornos de um expressionismo muito pessoal. Foi o impulsionador da colaboração dos «futuristas» no jornal O Heraldo – dirigido em Faro por Lyster Franco – que a partir de Fevereiro de 1917 lhes consagra definitivamente a coluna «Gente Nova». Aí, sob o pseudónimo de Nesso, Carlos Porfírio publica oito poemas ao lado, entre outros, de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. É na companhia de dois «futuristas» d’O Heraldo, Lyster Franco e Raul Carneiro, e do pintor modernista Jorge Barradas, que Carlos Porfírio realiza a sua primeira exposição colectiva, em Maio de 1917 na cidade de Faro, apresentando, nomeadamente, uma Cabeça de estudo futurista. Em Novembro de 1917, ainda estudante de Belas-Artes, aparece como «director e fundador» do número único de Portugal Futurista. Viaja então por Espanha, expondo na cidade de Sevilha, e em Janeiro de 1922 mostra pela primeira vez as suas obras em Lisboa no Salão da Ilustração Portuguesa. Volta a apresentar-se ao público lisboeta, no mesmo local, a 3 de Fevereiro do ano seguinte, onde expõe, nomeadamente, um retrato da poetisa Judith Teixeira – ilustrando capa e contracapa de Decadência (1923), primeiro livro da autora.
SOUSA PINTO, Manoel de, «As Exposições – Carlos Porfírio», in: Ilustração Portuguesa, n.º 831, 21/1/22, pp. 68-70; JÚDICE, Nuno (org.), Poesia Futurista Portuguesa: Faro 1916-1917, Porto, A Regra do Jogo, 1981; Carlos Porfírio: Exposição Comemorativa do Primeiro Centenário, 1895/1995. Faro, Câmara Municipal, Conservatório Regional do Algarve, 1996.
Sara Afonso Ferreira