(1890–1963)

Isaac del Vando-Villar dirigiu entre 1918 e 1920 a revista Grecia, primeiro órgão do movimento Ultraísta. Em 1919 participou na Festa do Ultra celebrada no Ateneu de Sevilha, e nesse mesmo ano (em Junho) publica um “Manifiesto Ultraísta” na citada revista, em que reivindica a presença dos jovens ultraístas nas letras espanholas do momento: “Ante los eunucos novecentistas desnudamos la Belleza apocalíptica del Ultra, seguros de que ellos no podrán romper jamás el himen del Futuro.”

Publicou apenas dois livros: Rompecabezas (1921), comédia escrita com Luis Mosquera, e La sombrilla japonesa (1924), tendo um dos exemplares chegado às mãos de Fernando Pessoa. A sua poesia transita desde as cotas do modernismo hispânico até ao neo-popularismo, atravessando com intensidade o território da vanguarda graças à sua filiação ultraísta.

O número 10 da revista Contemporânea de José Pacheco publicou (no primeiro semestre de 1924) o artigo de Adriano del Valle intitulado “Isaac del Vando-Villar en siete colores”, que era na realidade o prólogo de La sombrilla japonesa. A origem desta publicação encontra-se num breve diálogo epistolar entre o poeta sevilhano e Pessoa, com uma carta enviada pelo ultraísta (13 de Agosto de 1924) e duas pelo autor dos heterónimos (ambas de 14 de Setembro).

Nelas, Vando-Villar solicita a Pessoa uma crítica sobre o seu livro de poemas, sob o pretexto, pouco provável, de que “hace algunos años que sigo su labor de crítico con verdadero interés”, circunstância a que Pessoa responde com um breve comentário de índole impressionista:

Nesta hora da civilização europeia em que nós, accidentais, somos do Oriente, como do Occidente os oerientais, e em que o decorativismo do longinquo nos persegue como uma infancia sonhada, quadra bem um livro como o seu (…)

Dos poemas contidos no livro, Pessoa destaca “El viento en Albaida de Aljarafe”, precisamente o mais neo-popular deste heterogéneo livro, em que se encontram de forma desigual elementos populares e vanguardistas.

Na segunda carta enviada a Vando-Villar, Pessoa propõe-lhe que publique a sua carta-crítica em algum meio literário espanhol (como tinha feito Adriano del Valle com uma passagem de uma carta de Pessoa em que comentava La rueda de color de Rogelio Buendía). No entanto, ainda não foi possível confirmar se este fragmento chegou a ser publicado em Espanha, embora pareça demonstrar o interesse de Pessoa em ver, naquele momento, alguns dos seus textos publicados no país vizinho.

 

Sáez Delgado, Antonio, Órficos y Ultraístas. Portugal y España en el diálogo de las primeras vanguardias literarias (1915-1925), Mérida, Editora Regional de Extremadura, 2000.

 

Antonio Sáez Delgado