Nome indicado por Fernando Pessoa como compilador e prefaciador de uma prevista Antologia de poesia sensacionista portuguesa, a ser publicada em Inglaterra e intitulada Sensationalist Anthology. Esta indicação surge num plano (E3 48-9) elaborado por Pessoa, do qual constam também os nomes dos poetas que aí estariam representados: José de Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Pedro de Menezes, Cortes-Rodrigues, Violante de Cysneiros, Albino de Menezes.

Não sendo credível que Pessoa atribuisse uma tarefa tão importante a um desconhecido, trata-se, com toda a probabilidade, de mais um nome fictício a acrescentar à lista das máscaras pessoanas. Curiosamente, no entanto, esta «pessoa» é referida numa carta, com a data de 14-12-1917, recebida pelo poeta, na Rua de S. Julião, 101, 1º, morada do escritório de A.Xavier &  Cª, onde trabalhou pelo menos nos anos de 1916 e 1917. A remetente da carta, Matilde Alice de Faria, pede a F. Pessoa o favor de a informar «na volta do correio se o Snr. Sher Henay ainda está em Lisboa» e perguntando se sabe «se lhe foi entregue uma carta registada» por si expedida (E3 1152-23). Fica, assim, por determinar se, de facto, Sher Henay, apesar do seu estranho nome, existiu em carne e osso e qual a actividade a que se dedicava e o relacionava com aquela senhora, residente no Porto ou em Famalicão, conforme a carta e o carimbo do correio sugerem.

 

Manuela Parreira da Silva