Revista muito desconhecida dos investigadores, tem vários atractivos que a situa de entre as revistas importantes do Modernismo português, começando por pelo facto de ter desenho de capa de Eduardo Malta, seu director artístico e verdadeiro dinamizador da revista. António Filipe de Gouveia é o editor, sendo a propriedade de Mário Sande. 

Datada de 1924, ano do começo de Athena, bem ilustrada e bastante literária, subintitulava-se "Ilustração Mensal" mas foi número único.    

Apresenta colaboração de Aquilino Ribeiro, Augusto de Santa Rita, Pascoaes, António Patrício, António Ferro, Mário Saa, sendo portanto uma revista a considerar no panorama do fim do primeiro Modernismo.  

A revista abre com algumas páginas inéditas da terceira edição do romance de Aquilino Ribeiro, que teria quase 40 anos então e tinha sido um dos fundadores de Seara Nova, intitulado "Filhas de Babilónia". É nesse ano que publicará uma das suas histórias infantis mais conhecidas: O Romance da Raposa. No fim desta contribuição aparece uma quadra de Augusto de Santa Rita, fecho comum em todos os itens da revista. Na contribuição seguinte, um carvão inédito de António Patrício, feito pelo director artístico, para ilustrar um poema composto quase dez anos antes, em 1915. No fim do poema, mais uma quadra, desta vez de Teixeira de Pascoaes, também alusivo ao tema bucólico e nostálgico da composição poética. 

Mário Saa tem aqui uma das suas primeiras contribuições em revista mais significativas, enomeadamente o poema "Oh, Caprice". Nesse mesmo ano, aliás, publica em Athena, no terceiro número, outros dois poemas que com este são paradigmáticos da sua maturidade literária, nomeadamente "Xácara do Infinito" e "Versos Frios". 

António Ferro escreve um pequeno ensaio literário focado no recente terremoto de 1923 no Japão e o director Eduardo Malta faz sair um pequeno acto teatral intitulado "Minho", a cena V de uma peça assim intitulada e que nos faz crer na existência de peça escrita em seu nome. 

É igualmente de assinalar, sendo uma revista em plenos anos 20, uma grande contaminação com aquilo que podemos designar com a revista de variedade, como ABC, que inclui algumas rubricas sobre futebol, de Alberto de Mira, e uma secção final sobre o desporto, onde há enfoque no grande desporto dessa década, o boxe, alvo de tanto diálogo estético em Portugal e pelo mundo.

 

Ricardo Marques